BOCAINA - Biografia do Padre Leal
Padre Joaquim Antônio de Sousa Leal
(★02/03/1859-†10/10/1930).
O primeiro padre filho de Bocaina, nasceu no dia dois de março do ano de mil oitocentos e cinquenta e nove, Joaquim Antônio de Sousa Leal era filho legítimo do senhor Antônio Borges de Sousa Brito e de Joana Rosa de Sousa. Foi batizado no dia treze de junho do mesmo ano em que nasceu, na igreja matriz de Nossa Senhora dos Remédios em Picos, tendo como padrinhos seu avô paterno, Nicolau Borges de Sousa, e Nossa Senhora.
Por volta de 1877, foi enviado para cidade de São Luís -capital do Maranhão, para ingressar no seminário de Santo Antônio.
Após oito anos de estudos, formado em filosofia e teologia, achava-se pronto para se ordenar padre e assim iniciar sua vida sacerdotal.
No fim do ano de 1885, começou-se a ser feito o processo de habilitação de Gênere, que era um processo destinado a averiguação da legitimidade do requerente e da vida dos seus ascendentes segundo a religião católica -em outras palavras, se tratava de uma procuração eclesiástica visando investigar a vida do ordinando e seus ascendentes, no intuito de procurar qualquer tipo de heresia cometida pelos mesmos.
No dia 21 de dezembro de 1885, o padre “provisor” vigário geral e juiz de gênere de São Luís, Dr. João Tolentino Gadelha Mourão, escreveu um oficio ao pároco da freguesia de Nossa Senhora dos Remédios em Picos, pedindo-lhe que investigasse a capacidade e idoneidade de Joaquim para assumir ordens sacras.
“O Arcipreste o Dr. João Tolentino Gadelha Mourão, Provisor Vigário Geral e Juiz de Gênere, bispado de S. Luiz do Maranhão et caetera.
Pelo presente mando ao Revd. Parocho da freguezia de N. Senhora dos Remédios de Picos do Piauhy, me informe no verso deste mandado com todo segredo da justiça, no que gravemente lhe encarrego a consciência, sobre a capacidade, e idoneidade, costumes e aptidão para ser promovido a a ordens sacras até Presbytero o minorista Joaquim Antônio de Sousa Leal, de idade 26 annos, natural e baptizado nessa parochia, residente no seminario de Santo Antônio deste bispado, filho legítimo de Antônio Borges de Sousa Brito e Joana Rosa de Sousa, - O que assim satisfeito, remetta a comarca eclesiástica, fechada na forma do estylo. Assim o cumpra. Dada nesta comarca eclesiastica de S. Luiz do Maranhão sob meu signal e sello das armas episcopaes aos 21 de dezembro de 1885. Em o Padre Antônio Rodrigues Sodré, Amanuemse juramentado, servindo de escrivão, o escrevi:
Ass. Arcipreste dr. João Tolentino Gued.ª Mourão”
O então pároco de Picos, João Severino Miranda Barbosa, recebeu o referido mandado e no dia 26 de janeiro do ano seguinte respondeu o juiz de gênere Mourão dizendo que nada constava para desqualificar a idoneidade de Joaquim a assumir cargos eclesiásticos.
No ano de 1886, foram trocadas outras correspondências sobre a pessoa de Joaquim Antônio de Sousa Leal, como outro mandado do padre Mourão a o pároco de Picos pedindo que nomeasse 7 testemunhas aleatórias e “desinteressadas”, que conhecessem o ordinando Joaquim, para depor sobre tal. Os depoentes foram perguntados com perguntas padrões usados em todos processos de gênere: Naturalidade, que eram os pais, avós maternos e paternos e se estes já cometeram algum crime ou heresia. Foram testemunhas: 1.º Vicente do Rêgo Barros, capitão da Guarda Nacional, casado, com quarenta e três anos, natural e morador de Picos; 2.º Raimundo Antônio de Macêdo, Capitão Reformado da Guarda Nacional, negociante, casado, com cinquenta anos de idade; 3.º Francisco Pereira dos Santos, cinquenta e quatro anos, casado e morador na dita vila de Picos; 4.º Teotônio de Sousa Pacífico, de trinta e seis anos, natural do Pernambuco e morador na vila de Picos; 5.º Adriano Moreira Cidade, de sessenta anos, viúvo e natural do Rio de Janeiro e morador na vila de Picos; 6.º Francisco do Rêgo Barros Paim, de quarenta e dois anos, natural do Ceará e morador de Picos; 7.º Romão José dos Martírios, Capitão da Guarda nacional, de quarenta e seis anos de idade.
Todas as testemunhas afirmaram que conheciam Joaquim Antônio, seus pais, os avós maternos e paternos, sendo todos católicos e nunca cometido nenhuma heresia. Também citaram um crime conhecido cujo o autor foi o avô materno do ordinando, Francisco Ezequiel de Sousa Brito, que tirou a vida de uma pessoa com uma facada após ter recebido um bofete.
Feito o processo de gênere do ordinando Joaquim Antônio de Sousa Leal, foi feito o auto de patrimônio do mesmo. Neste documento constava que Joaquim havia recebido como doação de seus pais, uma posse de terra em Bocaina cujo valor era de 600 mil réis, tendo em suas propriedades um açude e um engenho de Cana-de-açúcar.
Fora este engenho, o padre Joaquim possuía em Bocaina um vasto rebanho de gado que ficava sobre o comando de seu irmão Zezé Leal.
Em 1891, alguns anos após ter se tornado padre, foi destacado para ser pároco de Buriti dos Lopes. Assumindo esta missão, permaneceu servindo mesmo local ate a data de sua morte.
Após se mudar para Buriti dos Lopes, passou a residir na casa paroquial e, consequentemente, conheceu uma jovem que era sua vizinha, chamada Cecília Rosa de Sousa.
Passando-se meses, o Padre Joaquim começou a despertar um sentimento amoroso por Cecília. Vendo que tal sentimento era recíproco, não resistindo ao pecado carnal, desrespeitou o celibato sacerdotal e engravidou a jovem no fim do ano de 1893 No dia 3 de agosto de 1894, nasceu o filho do padre Joaquim e Cecília, que recebeu o nome Raimundo Estevão de Sousa. Posteriormente, faltando alguns dias para completar 17 anos de idade, casou-se com sua prima Joana Rosa Portela Leal no dia 27 de julho de 1911, filha de José Antônio de Sousa Leal e de Maria do Ó Portela Leal.
Anos se passaram e este romance não terminou. Os buritienses conheciam o relacionamento, mas nunca houve escândalos ou medidas contra o padre. Era popular em Buriti dos Lopes, uma história que havia uma passagem secreta entre a casa do padre Joaquim Leal e a de Cecília, pois as duas tinham paredes encostadas e rentes uma com a outra. Passagem esta que era usada por ambos para se encontrarem sem serem vistos.
Sabe-se que Joaquim era muito querido pela população devido a seus serviços prestados, tanto que rapidamente ficou conhecido carinhosamente apenas como Padre Leal.
No dia 26 de julho de 1901, nasceu o segundo fruto da relação extraconjugal do padre Leal e de Cecília, fruto este que recebeu o nome Ana Rosa de Sousa.
Além de pároco de Buriti dos Lopes, Leal também foi vigário de Parnaíba e Piracuruca durante alguns anos do início do século XX. Vale ressaltar que ele também celebrava missas em datas especiais em sua terra natal, Bocaina, quando ia visitar seus parentes ou então em ocasiões especiais como casamentos.
No dia 10 de outubro de 1930, encerrou-se a jornada terrena do padre Joaquim Antônio de Sousa Leal, que mesmo com suas falhas humanas, deixou um legado de fé e dedicação que permanece na memória dos habitantes de Buriti dos Lopes e Bocaina.
No momento que foi chamado para junto de Deus, estava com 71 anos de idade, aproximadamente 44 anos de sacerdócio e 39 anos sendo pároco de Buriti dos Lopes. Deixou dois filhos, um genro, uma nora e seis netos.
Foi enterrado dentro da igreja de Nossa Senhora dos Remédios em Buriti dos Lopes. Em sinal de respeito, fizeram uma lápide e colocaram em seu túmulo e, posteriormente, colocaram em homenagem, uma rua de nome “Padre Leal”.
Filhos:
1- Raimundo Estevão de Sousa (★03/08/1894-†28/01/1964). Casou-se com sua prima Joana Rosa Portela Leal no dia 27 de julho de 1911 na capela de Nossa Senhora da Conceição de Bocaina, filha de José Antônio de Sousa Leal e Maria do Ó Portela Leal. Moravam em Buriti dos Lopes;
2- Ana Rosa de Sousa (★26/07/1901-†23/08/1994). Casou-se com Antônio Paulo de Sousa, filho de Antônio Romão de Sousa e Mariana da Rocha Lima.

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Que Maravilha! Parabéns
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